Como o método de ensino realmente faz diferença na hora de entender melhor sobre esse processo todo, e como o Learning Canvas nos ajudou a entender ainda mais sobre isso!

Por Tadeu Grigolon

Neste mundo que vivemos, existem dois tipos de aprendizado: prescritivo e emergente.

O primeiro se relaciona com as formas mais simples de como aprendemos algo: lendo livros, consultando pessoas, escutando podcasts etc. Já no segundo, o aprendizado surge através do debate e compartilhamento de ideias.

Com a evolução constante da raça humana, obviamente que existem alguns outros parâmetros que poderiam medir o quanto nós de fato aprendemos dia a dia. Provas de certificações são um belo exemplo disso.

Traçando esse paralelo sobre evolução, podemos identificar 3 níveis de aprendizado: Learning 1.0, Learning 2.0 e o Learning 3.0.

Learning 1.0

O Learning 1.0 parte do princípio de como aprendemos algo na escola, onde os professores consideram os alunos como caixas vazias de conhecimento através do aprendizado prescritivo. O debate neste ponto é mínimo, pois o conhecimento que está sendo adquirido pelo aluno é mais importante e ele enxerga o professor como uma forma de adquirir conhecimento, através de ferramentas como livros, provas, simulados, redações etc.

Learning 2.0

Já no Learning 2.0, o aprendizado é construído da seguinte maneira: você possui as perguntas (aprendizado emergente) mas um consultor sempre lhe dará as respostas (aprendizado prescritivo). Percebe alguma similaridade com os nossos dias de hoje?

Algumas consultorias apresentam respostas às necessidades dos seus clientes com base na experiência de carreira de cada figura. Seguindo este ponto de vista, compartilho uma opinião: nem sempre a experiência de carreira de um consultor poderá resolver o seu contexto, pois não necessariamente aquilo que funcionou para determinado cliente, poderá se encaixar perfeitamente para você. Afinal, você já tentou vestir uma roupa que não se encaixa adequadamente ao seu corpo? Acredito que sim, e que este tipo de experiência te causou frustração e desconforto.

Learning 3.0

No Learning 3.0 o foco é 100% no aprendizado emergente, desafiando os seus praticantes a reaprender como aprender. Curioso, não? Pois é, aqui a fórmula mágica se trata da combinação entre você criar as perguntas para que você mesmo crie as respostas. Mas como isso poderia ser possível? Cada pessoa possui um contexto que através do compartilhamento de experiências e ideias, permite com que este tipo aprendizado apareça. A colaboração é um dos principais pilares nesta forma de aprender.

Quando colaboramos com outras pessoas, estamos adquirindo constantemente os hábitos de compartilhar e aprender. Este é o principal elo de ligação de todos nós com o aprendizado emergente.

Learning Canvas: compartilhando que se aprende

Template Learning Canvas

Após esta breve introdução sobre a forma de como aprendemos algo, consigo compartilhar com vocês o famoso Learning Canvas. Esta dinâmica tem foco em organizar experiências e ideias durante conversas difíceis (planos de ação, resolução de problemas etc). Ela possui duas linhas do tempo: passado e futuro.

Passado: Neste ponto, são organizados os fatos, apontando os seus principais problemas, sintomas e compartilhamento de experiências.

Futuro: Já no futuro serão organizados ideias, tomando como base os resultados esperados, possibilitando tentativas para a resolução de problemas.

Quem participa dessa dinâmica?

Neste encontro, possuímos as seguintes figuras:

  • Asker: ele é o proprietário do problema e tem a responsabilidade de compartilhar os sintomas com os participantes, deixando claro o resultado esperado por ele para a resolução do problema. Definir o tema em conjunto com o facilitador direciona e limita as discussões do grupo;
  • Sharers: são participantes da dinâmica que compartilharão experiências e ideias para ajudar o Asker a tirar as suas próprias conclusões de como resolver o seu problema;
  • Facilitador: figura que guiará os participantes no processo de aprendizado emergente durante a dinâmica de Learning Canvas. Possui opinião neutra sobre o problema/contexto e tem como principal característica provocar o debate entre o grupo.

Dicas ao facilitador

Algumas dicas valiosas aos facilitadores da dinâmica:

  • Estimule o compartilhamento de sintomas por parte do Asker. Se perceber que o grupo pergunta pouco, faça você mesmo algumas perguntas sobre o problema, para estimular a comunicação entre eles;
  • Oriente o Asker apresentar evidências e narrativas que mostrariam o fim de cada problema;
  • Mantenha o foco dos Sharers para compartilharem apenas uma experiência. É muito importante que cada história tenha o seu próprio tempo para ser explorada até o fim;
  • Procure trabalhar junto ao Asker para que a tentativa seja um mix de “experiência” e “ideias”;
  • Deixe claro que o Asker não está aprovando ou reprovando “experiência” ou “ideias” citadas das pessoas. Ele apenas estará enxergando a melhor forma de aplicar a sugestão de acordo com a sua realidade.

Compartilhando que se aprende

Conforme mencionado acima neste post, essa dinâmica proporciona o compartilhamento de experiências e ideias por um grupo de pessoas. Neste momento é importante deixar a timidez de lado e comentar todo o tipo de informação possível para que o Asker tire as suas próprias conclusões.

  • Experiências: sharers compartilham a sua experiência baseado em cenários reais com foco no tema proposto;
  • Ideias: parecido com o passo anterior, onde qualquer ideia pelo lado dos Sharers é bem vinda!

É hora de tentar o seu Learning Canvas!

Learning Canvas Webjump

Após compartilharmos problemas e sintomas, experiências e ideias, é chegada a hora do Asker escolher o que ele irá tentar fazer para resolver o seu contexto, comunicando ao grupo. Com toda certeza ele já tirou as suas conclusões, criando também as melhores respostas para o tema. Isto sim que é aprendizado emergente!

Roadmap da Dinâmica

Siga o passo a passo abaixo para adquirir a melhor experiência com o Learning Canvas:

  1. Definir tema (Asker);
  2. Encontrar o Facilitador;
  3. Passar conhecimento do funcionamento da dinâmica ao Facilitador;
  4. Encontrar pessoas (sharers) que se interessam em compartilhar e colaborar para participar da dinâmica;
  5. Definir agenda do encontro;
  6. Facilitador realiza introdução da dinâmica aos participantes;
  7. Asker deverá compartilhar problemas, sintomas e logo após, resultados esperados;
  8. Sharers compartilham em um primeiro momento experiências e em seguida, ideias;
  9. Asker escolhe as melhores experiências e ideias para o seu contexto.

Conclusão

A dinâmica do Learning Canvas é muito enriquecedora. Ela permite com que você colabore e aprenda ao mesmo tempo. Muitas vezes nos encontramos em situações difíceis, onde nem sabemos por onde começar. Compartilhar é essencial durante a jornada do aprendizado emergente, facilitando a resolução de problemas. Quanto mais pessoas diferentes você se conectar, mais conhecimento você poderá adquirir. Aqui na Webjump, aplicamos a dinâmica em nossos times como uma ferramenta da metodologia ágil, estimulado nossos colaboradores a conduzir conversas difíceis com pessoas de áreas diferentes. Nem sempre a solução possuirá caráter técnico. Todos nós somos capazes de ter boas ideias. O que diferencia cada um de nós é o fato de nos arriscarmos a expor o que pensamos, afinal, somos profissionais criativos.

Finalizo recomendando o livro Learning 3.0: Como os profissionais criativos aprendem do autor Alexandre Magno. Espero que esta leitura seja inspiradora para você atualizar a sua relação com aprendizado.

Até a próxima!

Tadeu Grigolon

Tadeu Grigolon é Agile Coach na Webjump, curte vídeo-game e toca guitarra nas horas vagas.